domingo, 19 de outubro de 2014

KAU NO CONGRESSO CBTD: O QUE FAZ UM PALESTRANTE DE SUCESSO?



É possível aprender a falar em público com excelência? Kau Mascarenhas falará sobre Segredos de Palestrante no CBTD - Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento. Um dos maiores e mais importantes eventos da área em nosso país! De 25 a 28 de novembro em Santos - SP.



Palestrando: O Sucesso Além das Palavras

(Artigo de Kau Mascarenhas sobre seu tema no CBTD)

Palestrantes excelentes no universo corporativo, sobretudo os que se especializaram em temas voltados ao desenvolvimento humano, têm-se destacado como profissionais muito bem remunerados e com fama semelhante à das celebridades do show business.

Quais seriam seus segredos que fazem a diferença, permitindo que nessa área recebam honorários semelhantes aos cachês de grandes artistas?

Por que alguns com igual nível de conhecimento, mesmos títulos, e com grande experiência não crescem nesse segmento, enquanto outros lotam auditórios e têm suas agendas absurdamente repletas de convites?

O segredo pode estar em sua comunicação, mas não especificamente nas suas palavras.

Expliquemos.

Apesar de ser um segmento dentro da atividade de falar em público, fazer palestras difere de dar aulas e de facilitar grupos, sendo uma atividade que exige o desenvolvimento de habilidades bastante específicas. Além de um palestrante ser notável pela comunicação verbal - que diz respeito ao conteúdo bem embasado e a uma boa estrutura - é imprescindível ter excelência em comunicação não verbal, que abrange aspectos relacionados com linguagem corporal e qualidades vocais.

Muitos entendem que o sucesso de alguém capaz de mesmerizar uma plateia deixando todos absolutamente ligados naquilo que está sendo dito, resulta de um poder subjetivo que normalmente recebe o nome de carisma.

A Programação Neurolinguística (PNL),- uma abordagem que trata da busca por excelência e sucesso surgida nos anos de 1970 nos Estados Unidos, nos traz a visão de que é possível reconhecer e modelar os padrões de comportamento, inclusive pensamentos e estados emocionais, de alguém que obtém grandes resultados. Assim, em outras palavras, até mesmo o carisma poderia ser ensinado e aprendido, a partir da observação criteriosa do modelo de excelência com a utilização de um método específico.

Existe, portanto, uma legítima possibilidade de reconhecer quais são os principais aspectos verbais e não verbais dos grandes nomes da oratória, aqueles que realmente se destacam, e quais as competências e comportamentos que estão a serviço do seu sucesso no palco, para podermos aprender e fazer parecido.

É importante lembrar que para a PNL o processo de modelagem não deve ser confundido com uma espécie de imitação, uma mera clonagem de jeitos e formas que poderia fazer alguém se descaracterizar ou se despersonalizar para conseguir o mesmo sucesso de outra pessoa. Não se trata meramente de tornar-se o outro para obter os resultados do outro.

A ideia é muito mais próxima à de um aprendizado com o modelo que serviu de referência, reconhecendo e adaptando seus padrões ao modus operandi do aprendiz, utilizando-os num fino ajuste com aquilo que ele já possui.

Comumente esses padrões não são conscientes para quem os tem. Quando falam sobre seu sucesso alguns simplesmente dizem eu vou lá e faço.

Entretanto, para quem observa um grande palestrante com olhos de modelagem, é possível perceber os padrões que repete, tais como o uso do repertório expressivo da face de um jeito especial, ou suas idiossincrasias em movimentos de braços e mãos, e até mesmo sua forma peculiar de lançar o olhar para a audiência.

Extraindo de grandes oradores alguns de seus padrões, podemos citar aqui alguns que se mostram efetivos nesses quesitos e que, para muitos, trarão resultados importantes.

Uma dica para a eficaz transmissão de confiança através do rosto é nunca estar de boca aberta caso ela não esteja sendo, naquele momento, usada para a fala. Quem fica com o maxilar caído e os lábios separados sem emitir sons é normalmente visto como bobo e não atrairá para si o olhar interessado da plateia.

Sobre os movimentos de braços e de mãos, eles devem atestar, confirmar, o que está sendo dito. E sempre que as mãos não estiverem cumprindo esse papel, a melhor posição para elas é ficar tranquilamente apoiadas uma na outra, com os antebraços paralelos ao chão.

Mãos escondidas nos bolsos ou atrás do corpo, ou ainda apertando-se nervosamente, bem como braços cruzados enquanto a fala acontece, são comportamentos que transmitem uma série de mensagens não verbais que desmerecem o processo de comunicação e dificultam a conexão do palestrante com sua audiência. Uma dessas mensagens é a de insegurança.

A respeito dos olhares, há algumas décadas certa dica foi ensinada aos conferencistas tensos para ajudá-los em sua tarefa: olhe acima da linha das cabeças, evitando cruzar seu olhar com os olhos do seu público.

Atualmente esse é um conselho considerado bastante equivocado.

Há quem perceba nos melhores palestrantes exatamente o contrário dessa orientação, ou seja, eles usam uma técnica chamada mirada dos três segundos. Trata-se de um tempo mínimo para se olhar exatamente nos olhos de pessoas-chaves da audiência, tempo suficiente para fazerem com que se sintam a eles conectadas. É possível escolher essas pessoas-chaves situando-as nos quatro quadrantes da plateia, e assim ao se olhar para uma delas as que ficam ao seu redor se sentem olhadas também.

Dessa maneira se pode efetivar um contato com todo o público e o rapport entre palestrante e espectadores fica garantido.

Muito se pode dizer acerca do poder não verbal que os grandes palestrantes possuem, e é importante lembrar que há pressupostos básicos regendo sua comunicação. Vejamos:

É impossível não comunicar - Sempre transmitiremos algo para quem nos observa, mesmo que estejamos em silêncio. Levando esse conceito às últimas consequências, podemos dizer que até mesmo nossa ausência acabará comunicando algo àqueles que nos esperavam. Já que não receberam qualquer aviso antes, explicando nossa falta, o nosso lugar vazio pode significar que demos pouca importância ao convite ou até mesmo que algo inesperado e ruim pode ter acontecido. Igualmente será impossível não influenciar. Isso é um importante aspecto para ser lembrado por palestrantes antes, durante e depois da sua apresentação no palco. E abrange de toda a expressão do seu corpo à roupa que veste.

Comunicação não é intenção e sim resultado - Aquilo que um comunicador tem como desejo nem sempre é o que se torna manifesto através da sua expressão. E a comunicação não será aquilo que ficou apenas em sua mente mas o que de verdade foi captado, percebido, compreendido pela sua audiência. Seria lamentável um palestrante abrigar em sua mente a crença: as plateias não me compreendem, são formadas por pessoas com pouca capacidade cognitiva. É muito melhor que se prepare, conheça bem o seu público, para que seu trabalho o alcance. Há, por exemplo, os que falam de forma muito difícil e consideram essa erudição uma espécie de vantagem, pois entendem sua audiência como uma ameaça a ser vencida. Excesso de intelectualidade poderia ser, para eles, um instrumento de sedução ou de domínio mas muitas vezes acaba apenas produzindo distanciamento. Nietzsche tinha um aforismo com oportuna metáfora para pessoas que pensam assim: são águas que se turvam para parecerem mais profundas.

A responsabilidade pertence 100% a quem quer comunicar - Se meu intento é que o conteúdo que tenho seja adequadamente recebido então será valioso que eu assuma toda a responsabilidade pela comunicação. Assim, em vez de dizer essa audiência não está me entendendo posso ressignificar o fato e reconstruir a forma de pensamento, alterando-a para o que posso fazer para que o tema chegue a esse público da melhor maneira possível?.

Sai-se, portanto, do você não me entendeu para o não me fiz entender, por isso falarei de outra maneira. Isso faz com que, dentro da ótica da PNL, a ideia vigente não seja a de que há muitos problemas de aprendizagem. Há muito mais problemas de ensinagem. Imagine alguém que diz: Deve haver uma dificuldade aí nessa porta, pois a minha chave, não consegue abri-la. Melhor seria: Preciso encontrar outra chave pois a minha não consegue abrir essa porta. O problema está em minhas mãos.

O certo é que os palestrantes de sucesso, aqueles cujos trabalhos em oratória ficam marcados em nossas mentes, têm um real poder hipnótico - nato ou construído - na forma não verbal de comunicar.

Na prática, por modelagem, o seu talento e a sua expertise podem ser pesquisados e compreendidos para servir como referência.

Essa importante competência pode ser aprendida. Longe de ser apenas uma bênção destinada a poucos sortudos que já nascem assim, ela pode ser moldada com base em referências: os padrões de excelência de modelos altamente eficazes em seus processos de comunicação.

O primeiro passo para quem quer melhorar na atividade de palestrar pode ser a busca de referências em pessoas que já têm sucesso nessa área. A observação criteriosa do que faz essas pessoas serem tão boas, de cada aspecto das suas qualidades vocais, expressões e movimentos é algo importantíssimo.

E um dos pontos que mais se destacam é a sua congruência.

Grandes palestrantes têm um maravilhoso alinhamento entre pensamento, palavra e ação. Tudo parece ajustado com seus valores e com o conteúdo que querem transmitir.

Coerência é uma das chaves da eficácia da maioria desses casos.

Parecem concretizar na prática o ensinamento do pensador americano Ralph Waldo Emerson, que alertava no século XIX sobre o funcionamento da mente daqueles que interagem conosco: "Aquilo que você é grita tão alto aos meus olhos, que não consigo ouvir o que você diz".

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Kau Mascarenhas é palestrante empresarial, escritor, sócio-diretor do ProSer Instituto e tem formações em Coaching e em PNL. Atende organizações de todo o país. É autor do livro Mudando para Melhor e do curso digital PNLPLUS. Saiba mais: www.pnlcursos.com.br

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