terça-feira, 4 de agosto de 2009

OS TRÊS AMORES VALIOSOS



TRÊS AMORES VALIOSOS
(Kau Mascarenhas)

Venho desenvolvendo um conceito para explanar meus pensamentos sobre relacionamento humano. Não se trata apenas de encontrar excelência em relações a dois, mas se generaliza para relações de amizade e no âmbito familiar igualmente, como por exemplo nas relações entre irmãos.
Trata-se da minha ideia dos TRÊS AMORES VALIOSOS: Autoestima, Amor ao Outro e Amor à Relação.
Acredito que a presença dos três pode ser fundamental para que relacionamentos sejam excelentes e duradouros.
Amar quem nós somos, saber reconhecer quais são nossas buscas, respeitar e confiar em nós mesmos é um amor fundamental, e o disparo de tudo. Há quem tema a auto-estima, como se ela pudesse ser confundida com egoísmo doentio, ou autovalorização exacerbada.
Penso que qualquer realidade humana que se viva pode ter duas dimensões: a positiva e a negativa. Mas quando se trata de autoestima, abraço uma ideia que é defendida por muitos pesquisadores desse tema, e que afirma: a autoestima não possui excesso prejudicial - quanto mais, melhor.
Alguns acham, por exemplo, que esse pensamento é equivocado e que há pessoas com auto-estima demais, em excesso, e por isso se tornam arrogantes, prepotentes, e vivem diminuindo as outras para se sentirem maiores. Sabe o que penso? na verdade elas não estão com autoestima em demasia.
Trata-se de um problema com etiologia diferente: é baixa autoestima.
Quem tem autoestima de verdade não diminui o outro, não se sente ameaçado pelo seu crescimento. Portanto, estamos falando de algo semelhante à Saúde. Haveria excesso prejudicial de saúde? Saúde demais seria ruim? Autoestima está, a meu ver, no mesmo bloco. Esse pensamento também encontra eco na psicologia analítica Junguiana, mais precisamente na teoria dos complexos desenvolvida por Carl Gustav Jung. Às vezes há pessoas que são arrogantes, prepotentes, e quem as observa imagina que seu complexo é de superioridade. 
Na verdade pode se tratar do inverso: um complexo de inferioridade.
A sensação de inferioridade e de pequenez interior é tão grande que o sujeito precisa compensar de alguma forma...
O segundo Amor Valioso, amar o outro, querer seu bem, seu sucesso e sua paz, é sair do casulo do egoncentrismo (que, claro, também tem sua importância) e abrir espaço para expandir os limites do EU. É viver o nível espiritual também que, numa visão mais recente, relacionada com a PNL de terceira geração, é descrito como Sistema Global. Envolve admiração, querer bem, desejo de crescimento, enlevo com a presença, abertura para conhecer quem é de verdade esse outro ser, ir além das projeções, capacidade de lidar com aspectos diferentes e, apesar deles, genuíno interesse em criar pontes. Pegando carona no pensamento de Martin Buber: sair da dinâmica EU-ISSO e viver o EU-TU.
O Amor à relação, aqui neste conceito, o terceiro amor valioso, pressupõe que a forma como a relação se estabelece é apropriada e enriquecedora para ambos. É possível amar a si mesmo, amar o outro como a si mesmo, e amar a forma de relacionar-se com ele. Vejamos alguns exemplos que mostram o que pode acontecer quando falta algum dos Três Amores Valiosos:

1- Maria não ama a si mesma; vive questões sérias relacionadas à baixa autoestima. Maria ama João. Maria ama a relação. Em muitos momentos se autodeprecia, não gosta do próprio corpo, não se valoriza. Ama seu companheiro João e é correspondida. Ama a forma doce como se relacionam e a química de corpo e de alma entre ambos é ótima. Os problemas começam a surgir pois, por se sentir muito insegura, começa a criar fantasias de traição e isso vai minando a relação.

2- Ana ama a si mesma. Ana não ama José. Ana ama a relação que têm. Ana tem autoestima elevada, gosta de si mesma. A relação com José é do tipo ideal: há respeito, colaboração, amizade, química boa, comunicam-se de forma excelente. Entretanto, Ana não sente que o ama de verdade. Por considerá-lo uma ótima pessoa e por admirá-lo também sob o ponto de vista profissional, investiu emocionalmente no namoro até o presente momento, achando que o amor poderia surgiu. Mas não surgiu. E ela acha muito importante estar num relacionamento. Detesta a ideia de estar solteira.

3- Beto ama a si mesmo. Beto ama Júlia. Beto não ama a relação que têm. Beto tem autoestima elevada, respeita-se e é autoconfiante. Ama sua namorada Júlia, de verdade. Mas percebe que a forma como a relação se desenvolve não é a melhor para ele. Parece que eles têm dicionários diferentes no que tange ao significado da palavra “namoro”. Para ela namoro é ficar o tempo todo agarrado, pensando um no outro e fazendo atividades juntos. Ele sabe que isso é importante. Contudo, tem seus próprios sonhos, desejos, aspirações, coisas que não a envolvem. Júlia vive para a relação. Beto não. Isso começa a trazer problemas aos dois.

Procurando resumir esse pensamento, portanto, em poucas palavras: mesmo sendo monogâmico é valioso que você tenha três amores, para seu relacionamento dar certo com o par que escolheu.

Observe que essas questões podem acontecer também em outros contextos como nas relações pais e filhos, ou nas amizades profissionais. O que você acha dessas ideias? Quer contribuir para alicerçá-las? Acha interessante compartilhar algum exemplo?

Beijo e paz! Com kaurinho!

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