Oh, Pátria Amada! E quem cuida deles?
(texto e ilustração de Kau Mascarenhas)
Chorei lendo a matéria sobre os "Órfãos da
Impunidade" na revista Veja desta semana.
A reportagem trata do sofrimento dos filhos dos baleados,
dos queimados vivos, dos esfaqueados, torturados e mortos nas esquinas do nosso
país, nos semáforos ou até mesmo dentro de suas casas em crimes que nos
impressionam sobretudo quando são cometidos por adolescentes e quando as
vítimas não esboçam qualquer reação.
Traz informações que estarrecem. No Brasil há auxílio
financeiro para as famílias de um bandido preso. Contudo, quem perdeu o pai ou
a mãe num crime cometido por esse mesmo bandido não terá um benefício em
dinheiro exclusivo por ter ficado órfão de uma vítima da violência.
Senti raiva, medo, dor solidária, vergonha, nojo, enfim me
senti absurdamente humano. Veio um nó na garganta que silenciosamente me
apontava como alguém que também é parte disso tudo.
Por quê? Ora, porque quando digo que "o país não tem
jeito", que "os políticos são corruptos", que "as leis são
obsoletas", que "os criminosos estão cada dia mais perversos",
na verdade estou falando sobre a minha omissão. Sobre o quanto poderia ter
feito e não fiz, sobre as passeatas em que não estive presente, sobre os textos
indignados ou promotores de soluções que não escrevi, sobre meus votos mal
direcionados.
Para diminuir a sensação de impotência e inércia, fiz esse
desenho.
É meu pedido de desculpas a todas as crianças que amargam a
dor de suas perdas.
Perdoem-me por ser alguém que votou nos que hoje dirigem
essa nação.
Saibam, crianças, que na minha face também rola agora uma
lágrima verde amarela.
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Um comentário:
... O seu texto foi realmente bem bolado sobretudo quanto ao final. Parabém pelo enredo e, é claro, por se importar com tal assunto. Obrigado.
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