NÓS E NOSSAS MÁSCARAS
(Kau Mascarenhas)
O entendimento das máscaras que usamos como uma necessidade para a vida social já se torna ponto pacífico. Não se pode viver sem elas.
A polidez, a cortesia e o bom senso podem esconder dores, ódios e mágoas que não precisam se revelar a todo instante.
Quem poderia conviver com alguém que comunicasse em suas palavras tudo aquilo que pensa, julga e sente? E quem poderia dizer-se verdadeiro todo o tempo sem que esteja atestando nesta frase uma estrondosa mentira?
O problema maior está na superposição das máscaras. Quando se coloca uma sobre outra, e mais outra, e mais outra... acaba-se vivendo uma farsa não apenas para o externo, mas para si mesmo.
É o momento em que alguém se olha no espelho e já não se reconhece. E assim começa a esconder-se de si, cego às próprias emoções, surdo aos clamores das suas subpersonalidades e do seu corpo. Completamente insensível à realidade subjetiva que quer se fazer concreta, não usa a máscara circunstancialmente para uma natural convivência social, mas a vive como se ela fosse a sua própria verdade.
Embora a vergonha de mostrar-se ao mundo e a si mesmo caia por terra momentaneamente, disfarçando-se de derrotada, o medo é quem triunfa. Tanto o de assustar ou desapontar os outros, como o de viver plena e intimamente o brilho da própria natureza.
Como deve ser triste a vida daquele que não tem um único alguém para quem possa se mostrar por inteiro; há uma dor em nunca poder se confessar.
Tirar a máscara da seara dos comportamentos e transformá-la em identidade faz com que nos condenemos a ser quem não somos e a viver uma vida que não é a nossa.
Isso é em si uma outra definição de infelicidade.
(www.pnlcursos.com.br, ilustração e texto de Kau Mascarenhas)
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