sexta-feira, 21 de agosto de 2009

19- PROBLEMA DE APRENDIZAGEM OU ENSINAGEM?


A querida amiga Inês Cozzo, psicóloga e neurocientista, postou essa interessante charge em nossa rede social http://www.mudandoparamelhor.ning.com/
Sobre ela escrevi o texto que aqui reproduzo:
PROBLEMA DE APRENDIZAGEM OU DE ENSINAGEM?
(Kau Mascarenhas)
Posso observar na essência da charge acima alguns pontos interessantíssimos acerca de aprendizagem.
Há 40 anos as crianças eram responsabilizadas pelos seus resultados na escola, considerando-se a rigidez do sistema tradicional.
Aos "mestres" não importava qualquer avaliação acerca do seu método de ensino. Flexibilidade quase zero na maioria deles.
O "aluno" (pobre "ser a-lumni", ou seja, "sem luz") TINHA QUE aprender, PRECISAVA aprender, NECESSITAVA aprender. DEVERIA fazer de tudo para reter os conteúdos e saber expressá-los nas provas da forma que o professor queria.
Uma sequência de notas baixas traria, com toda certeza, à mente dos pais e professores alguns pensamentos do tipo:
- "Esse menino não quer nada com a Hora do Brasil"
- "Esse menino merece um castigo!"
- "Estamos diante de um problema de aprendizagem"
Bem... o tempo passa... o tempo voa...As coisas mudaram e ultimamente se vê tudo isso de forma diversa.
Mesmo sem considerar os processos que fizeram a educação transformar-se num negócio muitíssimo lucrativo que tem a satisfação do cliente como um de seus propósitos, a inteligente charge evoca a transformação que podemos perceber na idéia de responsabilidade pelos resultados.
Notas baixas, notas altas... De quem é essa tal responsabilidade?
As neurociências, quando se trata de educação, vêm nos alertando para a importância dos processos de comunicação daquele que quer comunicar. Professores que desejam encontrar excelência em Educar não ficarão mais presos à idéia de despejar conteúdos nas mentes dos educandos. Ao contrário, elaborarão seus temas percebendo ao mesmo tempo a grande importância dos processos. De que forma, de que maneira, como esse conteúdo será melhor assimilado, memorizado, e se tornará linkado com todos os demais contextos da vida de quem está agora tendo contato com ele?
Como poderei fazer um estado de aprendizagem surgir com mais força? De que maneira poderei transformar as aulas em vivências prazerosas, criando condições de associar mais "SABER e SABOR"?
Ao invés de imaginar, por exemplo, "os alunos da turma B são resistentes e difíceis", os educadores são instigados a pensar: "o que posso fazer para chegar ao mundo dos alunos da turma B"?
Estamos, portanto, diante de um desafio fortíssimo que diz respeito ao universo de crenças de quem dirige os rumos da educação, sejam os diretores das escolas ou os políticos, os pais ou os professores.
- Criar estímulos para que se associe Prazer com Aprendizado pode ser mais interessante que criar processos de recompensa e punição;
- O educador É um agente de transformação e não um passador de conteúdos;
- Preparar o educador para que, a partir do conhecimento dos processos de neuroaprendizagem, possa abraçar de forma excelente sua missão, é mais importante do que apenas estimular o aumento do número de diplomas e certificados em sua gaveta.
Recentemente lançado pela Editora Intrínseca , o livro "O Clube do Filme", bestseller escrito pelo crítico de cinema canadense David Gilmour, mostra sua história real educando seu filho através de filmes.
Dos europeus aos hollywoodianos, das obras clássicas "papo-cabeça" às de digestão mais fácil, uma lista de filmes foi elaborada e o compromisso assumido por ambos em transformar os filmes em professores.
Diante da recusa do menino de 15 anos à idéia de ir à escola, e das suas péssimas notas, o pai, que também é professor, propôs que tivessem sessões de video e debatessem juntos os filmes, aprendendo com eles. A história dessa linda relação pai-filho e dos interessantes resultados dessa idéia de "educação diferente" daria um tópico à parte
(ver entrevista com o autor legendada no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=CpJHr-jZVkc).
Aqui eu apenas quero expor o exemplo de uma pessoa que aceitou o desafio de testar um processo alternativo, uma vez que o tradicional não estava funcionando. Alguém que não se conformou em dizer "esse menino tem problema de aprendizagem" e optou por encontrar caminhos novos para que a apredizagem acontecesse.
É importante que escola e familia se abracem, contudo, para que os professores não sejam excessivamente carregados com essa responsabilidade.
Tenho apresentado muitos seminários para professores com base na PNL, e é comum que alguns deles me procure e desabafe acerca de suas frustrações. Normalmente falam sobre a exigência cada vez maior das famílias, como se os professores tivessem que receber a criança ou adolescente e, num processo mágico, devolvê-los transformados.
Embora saibamos que a maior parte das dificuldades na escola não se dê por "problema de aprendizagem" e sim de "ensinagem", também é importante diminuir o peso que recai sobre os ombros dos educadores. Pais também são educadores.
Consciência de limite e valores como respeito, honestidade e perseverança podem começar no lar.


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